O treinamento de força (anaeróbio) pode melhorar o sistema aeróbio?

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O treinamento de força produz diversos benefícios para saúde do ser humano, ele reduz a pressão arterial, melhora resistência à insulina, reduz risco de doenças cardiovasculares, diminuiu a perda da massa muscular e óssea, entre outros benefícios, mas poucas pessoas sabem que o treinamento de força (anaeróbio) pode melhorar o sistema aeróbio e/ou como isso ocorre.

Vamos analisar um exemplo: digamos que você consiga realizar 20 repetições de agachamento livre com 46 quilos. Após três meses de treino você já consegue realizar o exercício com o mesmo número de repetições com 60 quilos. Caso você volte a treinar com 46 quilos em determinada fase da periodização de treinamento, possivelmente você irá realizar as 20 repetições com determinada facilidade e irá conseguir realizar repetições a mais. Outro exemplo é quando você muda de endereço e agora tem um morro pra subir, no início você cansa muito para subir o morro, mas com o tempo acaba ficando fácil. Isso ocorre devido à mudança no padrão de recrutamento de fibras e permitirá uma maior resistência à fadiga. Mas vamos entender um pouco mais sobre as fibras musculares:

Com o aumento da força gerado pelo treinamento ocorre uma diminuição da participação ou recrutamento de fibras do tipo II que são conhecidas como fibras de contração rápida (CR), as CR são fibras glicolíticas (trabalham sem a presença de o2). Existem dois tipos principais de fibras de CR, as do tipo a (CRa) que são mais frequentemente recrutadas e tem o metabolismo glicolítico e oxidativo e as do tipo b (CRb) que atuam somente em exercícios muito intensos e tem o metabolismo glicolítico. As CR são maiores que as fibras do tipo I e tem coloração branca.

As fibras do tipo I oxidativas são fibras de resistência e tem a coloração vermelha (a coloração vermelha do músculo está ligada à alta concentração de enzimas de metabolismo aeróbio, de mioglobina, e com a densidade de vascularização) e também são conhecidas como fibras de contração lenta (CL). Uma outra diferença entre as CR e as CL é a velocidade de contração, as fibras do tipo II tem uma maior velocidade de contração e atingem tensão máxima em cerca de 50 ms (milissegundos) enquanto as fibras do tipo I atingem sua tensão máxima em aproximadamente 110 ms, outras diferenças são o desenvolvimento do retículo sarcoplasmático (ele é mais desenvolvido nas CR) e o motoneurônio que é maior e inerva mais fibras musculares nas CR.

Durante o exercício essa diminuição do recrutamento de fibras do tipo II aumenta a participação de fibras do tipo I no exercício e essas fibras tem a característica de ser mais resistentes do que as fibras do tipo II. As fibras do tipo I trabalham com a presença de oxigênio e são muito eficientes em produzir ATP (adenosina trifosfato, é uma forma química de energia armazenada no interior de nossas células) a partir da oxidação de gorduras e carboidratos, isso faz com que as CL tenham maior resistência e consigam realizar atividades por mais tempo (isso dependendo da intensidade da atividade), por isso você consegue realizar mais repetições e caminhar mais tranquilo e isso tudo ocorre sem mudar a condição cardiorrespiratória.

Referências:

Fisiologia do Esporte e do Exercício de Wilmore e Costill – 2ª edição, 2001

MINAMOTO V. B. Classificação e adaptações das fibras musculares: uma revisão. Fisioterapia e Pesquisa. 2005

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Wyllian Oliveira

Educador Físico Graduando em Nutrição

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