Você sabe o que é flexibilidade metabólica?

Flexibilidade Metabólica

A flexibilidade metabólica é a capacidade do organismo de se adaptar e alternar entre diferentes fontes de energia e processos metabólicos para atender às suas demandas energéticas.

Uma pessoa com boa flexibilidade metabólica consegue oxidar rapidamente os carboidratos ingeridos e, pouco tempo depois, oxidar a gordura armazenada no tecido adiposo.

Sensibilidade à Insulina e Flexibilidade Metabólica

A sensibilidade à insulina está ligada a uma maior flexibilidade metabólica. Ser sensível à insulina significa que o organismo responde de maneira eficiente às ações fisiológicas desse hormônio.

Indivíduos sensíveis à insulina têm facilidade em captar a glicose da corrente sanguínea e utilizá-la como fonte de energia, além de direcioná-la de forma mais eficiente para a formação de glicogênio muscular e hepático. Isso é crucial para o desempenho durante o exercício, pois um abastecimento eficiente dos estoques de glicogênio está diretamente relacionado à performance em treinamentos de alta intensidade.

Por outro lado, pessoas com resistência à insulina apresentam dificuldades na mudança da oxidação de substratos energéticos. Assim, o corpo tem dificuldade em oxidar a gordura corporal durante o jejum e em direcionar os carboidratos das refeições para a geração de energia. O sobrepeso, a obesidade e o sedentarismo contribuem para a piora da sensibilidade à insulina.

Genética e Flexibilidade Metabólica

Evidências sugerem que a inflexibilidade metabólica pode ter uma forte influência genética. Certos genes relacionados ao metabolismo das gorduras podem apresentar polimorfismos genéticos, conhecidos como SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms), que podem contribuir para esse quadro de inflexibilidade metabólica.

É Possível Melhorar a Sensibilidade Metabólica?

Embora a flexibilidade metabólica seja influenciada geneticamente, é possível otimizá-la. As principais maneiras de alcançar isso são por meio da prática de exercícios físicos e da restrição calórica.

A prática regular de exercícios físicos promove uma série de adaptações metabólicas que, a curto e longo prazo, resultam em uma melhora da sensibilidade à insulina e, consequentemente, em uma maior flexibilidade metabólica. O treinamento resistido (musculação, crossfit, etc.) crônico aumenta a expressão de genes relacionados à formação de GLUT-4, o transportador de glicose nos tecidos muscular e adiposo. Para que a glicose entre na célula, é necessário que o GLUT-4 saia do citosol e se mova para a superfície da célula. Uma vez na superfície, o GLUT-4 permite a entrada de glicose que estava na circulação para o interior da célula. Com mais transportadores GLUT-4 presentes na superfície das células, o processo de captação da glicose é otimizado.

Além disso, a prática regular de exercícios aumenta o número de mitocôndrias no músculo esquelético, em um processo conhecido como biogênese mitocondrial. Isso não só melhora a capacidade das mitocôndrias de oxidar gorduras e carboidratos para gerar energia, mas também aumenta a eficácia mitocondrial. O treinamento aeróbio é mais eficaz em estimular a biogênese mitocondrial quando comparado ao treinamento resistido.

Conclusão

Em resumo, a flexibilidade metabólica é a capacidade do organismo de alterar a oxidação de substratos, oxidando mais carboidratos após as refeições e mais gorduras durante o jejum. Apesar da influência genética na flexibilidade metabólica, a prática regular de exercícios e a restrição calórica podem melhorar a sensibilidade à insulina, resultando em uma melhor flexibilidade metabólica.

Referências

Goodpaster BH, Sparks LM. Metabolic Flexibility in Health and Disease. Cell Metab. 2017 May 2;25(5):1027-1036. doi: 10.1016/j.cmet.2017.04.015. PMID: 28467922; PMCID: PMC5513193.

EBOOK – Entendendo o conceito de flexibilidade metabólica. Nicácio Acioli.

Freese J, Klement RJ, Ruiz-Núñez B et al. The sedentary (r)evolution: Have we lost our metabolic flexibility? [version 1; peer review: 2 approved, 1 approved with reservations]. F1000Research 2017, 6:1787 (https://doi.org/10.12688/f1000research.12724.1).